Haverá um Reino Milenar depois que Cristo voltar? – Pré-Milenismo Dispensacionalista

Categoria (Métodos de Interpretação Profética) por Geração Maranata em 09-11-2011

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por Geração Maranata

O Milênio

“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.  E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão, E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; e de Deus desceu fogo, do céu, e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.” (Apo: 20:1-10)

“E o Senhor será rei sobre toda a Terra; naquele dia um será o Senhor e um será o seu nome” (Zc 14:9)

 

A palavra millennium vem do latim mille e annus que significa mil anos. Na Bíblia, o termo grego usado é chiliasm (quiliasmo).  

χιλιοι chilioi
plural de afinidade incerta
1) mil

ετος etos
1) ano

No capítulo 20 de Apocalipse encontramos a única menção de um reino milenial de Cristo e as divergências giram em torno desses mil anos.

Nem todos os cristãos acreditam que Jesus Cristo voltará literalmente à Terra para estabelecer um reino de paz e segurança que durará mil anos.

Quatro correntes escatológicas tentam explicar o significado do Milênio:

• Pós-Milenismo

Pré-Milenismo Histórico

• Pré-Milenismo Dispensacionalista

Amilenismo

Nesta terceira série veremos o ensino do Milênio segundo a visão Pré-Milenista Dispensacionalista.

O Pré-Milenismo Dispensacionalista é uma das quatro correntes que tentam responder à pergunta:

“Haverá um reino milenial depois que Cristo voltar?”

 

Pré-Milenismo

Pré-Milenismo Histórico e o Pré-Milenismo Dispensacionalista diferem, basicamente, na questão dos eventos.  Enquanto no Histórico o Arrebatamento e a Segunda Vinda são o mesmo evento, os Dispensacionalistas os separam em duas fases.

O Pré-Milenismo crê que a Segunda Vinda de Cristo ocorrerá antes do Reino Milenar, quando então Cristo reinará por mil anos na Terra.

Segundo o Pré-Milenismo, ao contrário do Pós-Milenismo, a situação do mundo tende a piorar cada vez mais até a volta de Cristo.

Os Pré-Milenistas chamam o momento atual como a 'Era da Igreja', que é separada e totalmente diferente de Israel nos planos de Deus. 

A semelhança entre as duas linhas de Pré-Milenismo é que ambas interpretam o Milênio de Apocalipse 20 como um período literal em que Jesus reinará na Terra depois da Segunda Vinda. A diferença é que o Pré-Milenismo Dispensacionalista crê num Arrebatamento antes da Tribulação. Durante a Tribulação Israel será preparada para aceitar o Messias e ser a base do Reino milenar.

O Pré-Milenismo Dispensacionalista considera que a era do Milênio será a última dispensação criada por Deus. Atualmente vivemos na Dispensação da Graça ou a Era da Igreja. No Milênio teremos a Dispensação do Reino ou a Era do Milênio.

O método de interpretação utilizado no Pré-Milenismo Dispensacionalista é o histórico-gramatical, ou seja, as palavras devem ser entendidas em seu sentido histórico e gramatical; devem ser entendidas literalmente.

Também admite-se cumprimento parentético, onde algumas profecias podem ser cumpridas em duas etapas:  algumas contemporâneas ou próxima ao tempo do profeta que as proferiu, e outras para um tempo futuro. Neste caso há um lapso de tempo, um "parêntesis" entre o cumprimento de uma previsão e outra.  Exemplo disso encontramos na profecia de Isaías 61:1-2,3-7, na primeira parte lemos "o ano aceitável do Senhor" que se cumpriu na primeira vinda do Senhor Jesus.  A segunda parte da profecia diz "o dia da vingança do nosso Deus" (Is.6l:2b) e "a restauração de Sião" (Is.6l:3-7) ainda não se cumpriram.

 

Histórico

Dos séculos I a III o Pré-Milenismo foi a interpretação da Igreja Primitiva.  A Igreja Primitiva acreditava que os mil anos de Apocalipse seria literal e este era retratado de modo bastante vívido, dando origem ao quiliasmo, uma doutrina intensamente imaginativa sobre o Milênio.

A esperança da volta de Cristo para o estabelecimento do seu reino, deu aos cristãos dos primeiros séculos força suficiente para resistirem as perseguições. Com o tempo a crença em um Milênio literal foi sendo substiuída por outras teorias baseada no método alegórico,  porém muitos cristãos se mantiveram fiéis à interpretação literal do Milênio, recusando a interpretação da Igreja oficial baseada no método alegórico.

O Pré-Milenismo nunca deixou de existir. Em toda a história da Igreja Cristã sempre houve homens que defenderam essa doutrina.

Na Idade Média, o Milenismo foi praticamente (mas não totalmente) abandonado no Ocidente, até que os puritanos e outros protestantes começaram a reavivá-lo no final do século XVI.

Com a Reforma Protestante o Pré-Milenismo voltou a ganhar força.  Os reformadores voltaram a enfatizar o método literal de interpretação das Escrituras, porém continuavam a recusar a crença em um Milênio literal. 

Novamente no século XIX o Pré-Milenismo ganhou força, ficando conhecido como Dispensacionalista e mais tarde se tornou a visão escatológica predominante nas igrejas evangélicas no século XX.

Muitas pessoas acreditam que o Pré-Milenismo Dispensacionalista é uma doutrina recente, com origem nos Estados Unidos da América, na Inglaterra ou na Alemanha, e que não tem fundamento Bíblico. No entanto há relatos que esta doutrina foi defendida pelos “Pais da Igreja” e posteriormente abandonada. 

Muitas doutrinas, antes adormecidas, voltaram a fazer parte da Igreja novamente.  Muitas verdades fundamentais foram perdidas no percurso da história da Igreja, em especial na Idade Média, porém com a Reforma de Lutero, no século XVI, muitos desses ensinos, como a  “salvação  pela  fé”, foram restaurados. A Reforma de Lutero foi o início de uma grande reforma que o Cristianismo precisava.

Mais tarde, no século XIX, o ensino do Pré-Milenismo foi reavivado por Scofield e J. N. Darby, estudiosos das Escrituras Sagradas e que ficou conhecido como Pré-Milenismo Dispensacionalista.

Depois de séculos de interpretação alegórica das Escrituras e uma ausência do senso de iminência e expectativa pela Volta de Jesus por grande parte da Igreja, o Pré-Milenismo Dispensacionalista trouxe uma revolução para Teologia Cristã e mudou radicalmente o movimento evangélico no século XX. Essa visão escatológica enfatiza a interpretação literal das Escrituras, o futuro de Israel no plano de Deus e a possibilidade de Jesus voltar a qualquer momento (iminência).

Ainda no século XIX, muitos teólogos de grandes Igrejas históricas se voltavam cada vez mais para o Liberalismo e para a Alta Crítica (que entre outras coisas, questiona a autenticidade e inspiração das Escrituras).  O movimento Dispensacionalista se posicionou com uma defesa da fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). 

A doutrina Pré-Milenista Dispensacionalista foi fortalecida pelos institutos bíblicos, que eram uma alternativa aos seminários teológicos liberais. A "Bíblia Scofield", com anotações dispensacionalistas, foi publicada em 1909 e muito contribuiu para disseminar esse ensino. 

 

Desenvolvimento Pré-Milenismo Dispensacionalista na História da Igreja

90 d.C – Estêvão de Hemas, discípulo dos Doze Apóstolos: "Vocês escaparão à Grande Tribulação por causa da vossa fé…"  (Ele foi ensinado pelos Apóstolos e cria que a Igreja "Corpo de Cristo" não passaria pela Grande Tribulação).    

110 d.C –   Papias, de Hierapolis (60-130): "Haverá um período de algumas centenas de anos, depois da ressurreição da morte, e o Reino de Deus e o Reino de Cristo será transformado numa forma material nesta mesma terra".
    
220 d.C –  Tertuliano (150-220): "Um Reino está prometido sobre a terra.  No entanto, antes disso, haverá a ressurreição, e por mil anos viveremos na cidade de Jerusalém, divinamente construída".

373 d.C – Efraim da Síria (*) (306-373): "Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da Tribulação que está para vir, e serão levados pelo Senhor, a fim de que estes possam escapar a qualquer momento à confusão que irá assombrar o mundo, por causa dos seus pecados". 

1200 d.C –  Pedro Waldo (1137-1217): O Movimento Waldense: eles eram crentes convictos na interpretação fiel das Escrituras Sagradas e esperavam pela vinda do Senhor.  No Livro: «A Nobre Lição», um dos escritos de Pedro Waldo, mostrava precisamente a expectativa em relação ao Reino que há de vir. 

1545 d.C –  O Reformista Hugh Lattimer (1485-1555): "Poderá vir na minha velhice, ou no período dos meus filhos…   Os santos poderão erguer-se para conhecerem Cristo no céu". 

1723 d.C – Increase Mather (1639-1723) e Cotton Mather (1663-1728): populares pregadores puritanos na América:  "A crença fiel na segunda vinda do Senhor Jesus Cristo e a elevação e reino dos santos com Ele, será mil anos antes da ressurreição do resto dos mortos… (a ressurreição dos perdidos, para o julgamento no Grande Trono Branco).  A doutrina do milénio é a verdadeira".     

1742 d.C – Morgan Edwards (1722-1795): ensinador na faculdade da Ilha de Rhode "Os santos mortos serão ressuscitados e a sua vida mudada, quando Cristo surgir nos ares.  Então ascenderemos às muitas mansões na casa do Pai".  

(*) Efraim da Síria – Foi um compositor de hinos e teólogo do século IV d.C. As obras de Efraim são testemunhas de uma forma mais antiga de cristianismo na qual as ideias ocidentais tinham pouca influência. Efraim tem sido considerado o mais importante de todos os Pais da Igreja na tradição siríaca.  Um dos seus escritos é o "Sermão a respeito do fim do mundo", datado aproximadamente em 373 A.D.  O Pseudo-Efraim, como conhecido hoje, é uma fonte histórica referente a um sermão apocalíptico que contém duas declarações sobre o 'proto-arrebatamento'. Algumas palavras mais significativas do Sermão são:  "Portanto, por que não rejeitam os cuidados com as coisas terrenas e se preparam para se encontrar com o Senhor Jesus Cristo, para que assim Ele possa nos tirar dessa confusão que toma conta do mundo? … Todos os santos e eleitos de Deus serão reunidos antes da Tribulação vindoura e serão levados à presença do Senhor, para que não vejam a confusão que se apossa do mundo proveniente dos pecados da humanidade."  Efraim acreditava que os cristão daquela época estavam vivendo nos últimos dias e seu Sermão proclama a expectativa de remoção dos cristãos da Terra antes de um período específico de Tribulação e fez isso há mais de 1200 anos

Principais Ensinamentos

O Pré-Milenismo Dispensacionalista faz distinção entre a Igreja e Israel.  O período atual é chamado de "Era da Igreja" por se tratar de um parênteses no plano divino para com os hebreus. No final dessa era, que no ensino do Dispensacionalismo é chamado de "Dispensação da Graça", Cristo retornará (arrebatamento iminente) de modo invisível apenas para a Igreja e antes da Grande Tribulação. Neste retorno, também conhecido como a primeira fase da Segunda Vinda, ocorrerá a ressurreição dos cristãos mortos e a transformação dos cristãos vivos e ambos serão arrebatados e se encontrarão com Cristo nos ares. Durante a Tribulação na Terra, os cristãos arrebatados estarão sendo julgados no "Tribunal de Cristo" e logo após será celebrada no céu as "Bodas do Cordeiro".

Com o Arrebatamento da Igreja terá início na Terra o período chamado de "Grande Tribulação", com durarção de sete anos, segundo esta escrito em Daniel 9:24-27 (as setenta semanas de Daniel). Neste período, o Anticristo se manisfestará e governará o mundo.  Ele fará uma aliança com o povo judeu, mas no meio dos sete anos, quebrará a aliança e passará a persegui-los, nesse momento o judeus aceitarão a Cristo como o Messias. 

Antes da segunda fase da Segunda Vinda de Jesus, haverá muitos sinais: a pregação do evangelho à todas as nações, apostasia, guerras, fome, terremotos, além da manifestação do Anticristo e do Falso Profeta, que junto com Satanás formarão a "trindade satânica". Durante a Grande Tribulação o evangelho será anunciado, mas a salvação será concedida com muitas tribulações, pois os santos que estiverem na Terra serão severamente perseguidos (Mt.24:13,22; Ap.13:7-10).

No final da Grande Tribulação, Cristo retornará, desta vez visivelmente (chamada de segunda fase da Segunda Vinda), ao mundo com sua noiva "a Igreja" e porá seus pés no Monte das Oliveiras. Ele restaurará a nação de Israel e julgará as outras nações e então terá início o Milênio com o reinado de Cristo sobre o mundo. O Anticristo e o Falso Profeta serão lançados no inferno, Satanás será preso, os crentes mortos durante a Grande Tribulação serão ressuscitados para participar do Milênio.

Será neste tempo que o tabernáculo de Davi será restaurado (At.15:16; Zc.6:13), e o próprio Jesus será ao mesmo tempo Rei, Sacerdote e Profeta (Mq.5:2;Zc.6:13).

A natureza participará das bençãos mileniais produzindo abundantemente (Is.30:23-26; 66:25). 

No Milênio, além de Israel e a Igreja, haverá outros povos que participação desse Reino, porém muitos dentre eles ainda serão incrédulos. Por causa disso, no final do Milênio, Satanás será solto e enganará muitos novamente levando os rebeldes a guerrearem contra Cristo e Seu povo, porém todos serão destruídos e lançados no Lago de Fogo.

Depois disso, haverá a ressurreição dos incrédulos (chamada de segunda ressurreição) e o Juízo Final, onde apenas os incrédulos serão julgados e lançados no inferno.

Após o Juízo Final terá início o chamado "Estado Eterno", onde surgirá "os novos céus e a nova terra", onde os cristão habitarão eternamente com Deus. 

Conclusão

O Pré-Milenismo, ou Quilialismo, como era conhecido na Igreja primitiva, foi o mais antigo dos sistemas de interpretação do Milênio.  "Essa não era apenas a doutrina da Igreja, um credo ou um modelo de devoção cristã, mas sim a opinião difundida de mestres distintos, como Barnabé, Papias, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, Metódio, e Lactâncio…" (Philip Schaff – History of the Christian Church).

Uma das características favorável ao Pré-Milenismo Dispensacionalista é incentivar o cristão estar preparado para a Volta de Cristo.

Outros argumentos a favor de um Pré-Milenismo Dispensacional são algumas passagens do Antigo Testamento que não se encaixam nem na presente era nem no estado eterno, indicando algum estágio intermediário entre esses dois, mais grandioso que a era presente, mas inferior ao estado eterno.

Obras pré-milenistas populares: "Daniel Fala Hoje" e "A visão de Patmos", de Orlando Boyer; "Alinhamento dos Planetas", de Nels Lawrence Olson; "A Doutrina das Últimas Coisas", de Harold B. Allison; "A Agonia do Grande Planeta Terra", de Hal Lindsey e C.C. Carlson, e muitas outras.

 

Fontes:

http://www.monergismo.com/textos/escatologia_reformada/escatologia_reformada.htm

http://www.amilenismo.com/2011/05/avaliando-o-pre-milenismo-parte-1.html

http://www.metanoiaereforma.org/2011/07/escatologia-reformada.html

http://www.revistaimpacto.com.br/divergencias-historicas-sobre-a-escatologia

Ideias Gerais sobre o Dispensacionalismo (Eclesi’ Astes)

Profecias de A a Z – Thomas Ice e Timothy Demy

 

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