2010
As Alianças Bíblicas e a Escatologia – Introdução
Categoria (Alianças Bíblicas) por Geração Maranata em 07-11-2010
Tag: Alianças Bíblicas
por Geração Maranata
As alianças bíblicas são muito importantes para quem estuda escatologia. O plano profético de Deus é determinado e prescrito por essas alianças.
O relacionamento de Deus com o homem é sempre mediado através de uma ou mais alianças bíblicas. Deus se comprometeu a realizar determinados eventos na história e a profecia diz respeito a "quando" essas promessas serão cumpridas totalmente.
As alianças bíblicas são bem diferentes das alianças teológicas da teoria "aliancista". Essa teoria vê as épocas da história como o desenvolvimento de uma aliança entre Deus e os pecadores, na qual Deus salvaria, por meio da morte de Cristo, todos os que viessem a Ele pela fé.
Resumo da teoria aliancista:
A aliança da redenção (Tt 1.2; Hb 13.20) – A Trindade assumiu, cada um, parte no grande plano de redenção que é sua porção presente, conforme revelado na Palavra de Deus. Nessa aliança o Pai entrega o Filho, o Filho se oferece sem mácula como sacrifício eficaz e o Espírito administra e capacita a execução dessa aliança em todas as suas partes.
A aliança das obras – Segundo os teólogos são as bênçãos que Deus ofereceu ao homem. Antes da queda, Adão relacionou-se com Deus pela aliança de obras. Até que seja salvo, o homem tem a obrigação implícita de ser semelhante em caráter a seu Criador e de fazer a Sua vontade.
A aliança da graça – Indica todos os aspectos da graça divina para com o homem em todas as épocas. O exercício da graça divina torna-se possível e justificado pela satisfação de julgamentos divinos obtidos na morte de Cristo.
Apesar de a teoria teológica Aliancista estar de acordo com a Bíblia, ela é insatisfatória para explicar as Escrituras escatologicamente, pois despreza o grande campo de alianças bíblicas que determinam todo o plano escatológico.
O uso bíblico da palavra Aliança
É usada nos relacionamentos entre Deus e o homem, entre os homens e entre as nações. É usada para coisas temporais e coisas eternas.
Aliança divina é
1) uma disposição soberana de Deus, mediante a qual Ele estabelece um contrato incondicional ou declarativo com o homem, obrigando-se, em graça, por um juramento irrestrito, a conceder, de Sua própria iniciativa, bênçãos definidas para aqueles com quem compactua ou
2) uma proposta de Deus, em que Ele promete, num contrato condicional e mútuo com o homem, segundo condições preestabelecidas, conceder bênçãos especiais ao homem desde que este cumpra perfeitamente certas condições, bem como executar punições precisas em caso de não-cumprimento.
Natureza das Alianças
1. São Alianças literais e devem ser interpretadas literalmente. Tal interpretação está em harmonia com o método literal de interpretação.
2. São Alianças eternas. Todas as alianças de Israel são chamadas eternas, com exceção da aliança Mosaica, que é declarada temporal e deveria continuar até a vinda da Semente Prometida (Jesus):
– A aliança Abraâmica é chamada "eterna" em Gênesis 17.7,13,19; 1 Crônicas 16.17; Salmos 105.10;
– A aliança Palestina é chamada "eterna" em Ezequiel 16.60;
– A aliança Davídica foi chamada "eterna" em 2Samuel 23.5, em Isaías 55.3 e em Ezequiel 37.25;
– A Nova Aliança é chamada "eterna" em Isaías 24.5, 61.8, em Jeremias 32.40, 50.5 e em Hebreus 13.20.
3. São Alianças incondicionais , visto que são literais, eternas e dependem solenemente da integridade de Deus para o seu cumprimento.
4. São Aliança estabelecidas com um povo pactual, Israel. Em Romanos 9.4 Paulo declara que a nação de Israel tinha recebido alianças do Senhor. Em Efésios 2.11,12 ele declara, contrariamente, que os gentios não haviam recebido tal aliança e conseqüentemente não gozavam de relacionamentos pactuais com Deus. Essas duas passagens mostram, de modo negativo, que os gentios não tinham relacionamentos de aliança e, de modo positivo, que Deus tinha firmado um relacionamento de aliança com Israel.
Tipos de Alianças
As alianças são contratos feitos entre indivíduos com o propósito de regulamentar esse relacionamento. Deus quer comprometer-se com Seu povo, ou seja, deseja cumprir Suas promessas para poder demonstrar na história que tipo de Deus Ele é.
Os relacionamentos na Bíblia – especialmente entre Deus e os homens – são legais ou judiciais. Por isso que eles são mediados pelas alianças. As alianças normalmente envolvem intenção, promessas e sanções.
Existem três tipos de Alianças na Bíblia:
1 – O tratado chamado de "Garantia Real" (incondicional) – Uma aliança promissória que surgiu de um desejo do rei em recompensar um servo leal. Por exemplo:
- Aliança Abraâmica
- Aliança Davídica
Devemos entender que essas alianças são incondicionais. Esse aspecto é importante na profecia bíblica, pois está em jogo se Deus é ou não obrigado a cumprir as Suas promessas, especialmente para com as partes originalmente envolvidas na aliança.
Por exemplo, cremos que Deus deve cumprir em relação a Israel (como nação) as promessas feitas através das alianças incondicionais, como a Abraâmica, a Davídica e a Palestina. Se isso for verdade, então elas precisam ser realizadas literalmente – o que implica que muitos de seus aspectos ainda devem ser cumpridos.
“Uma aliança incondicional pode ser definida como um ato soberano de Deus, sendo que o Senhor, portanto, obriga a Si mesmo a fazer com que se cumpram as promessas, bênçãos e condições estabelecidas para o povo com quem fez a aliança. E uma aliança unilateral. Esse tipo de aliança é caracterizado pela forma verbal futura, que mostra a intenção dEle cumprir exatamente o que prometeu, no tempo determinado para isso. As bênçãos são garantidas por causa da graça de Deus.” (Fruchten-Baum)
2 – Tratado entre o "Suserano e o Vassalo " (condicional) – vincula um vassalo (inferior) a um suserano (superior) e a responsabilidade recai apenas sobre aquele que fez o juramento. Exemplos:
- Quedorlaomer, rei de Elão (Gênesis 14)
- Jabes-Gileade enquanto servia Naás (1 Samuel 11.1)
- Aliança Adâmica
- Aliança Noaica
- Aliança Mosaica (Deuteronômio)
Tratado entre o "Suserano e o Vassalo" no formato de Deuteronômio:
- Preâmbulo (1.1-5)
- Prólogo Histórico (1.6-4.49)
- Principais Provisões (5.1-26.19)
- Bênçãos e Maldições (27.1-30.20)
- Continuidade das Alianças (31.1-33.29)
3 – O tratado de "Paridade" – une duas partes iguais em um relacionamento e estabelece as condições estipuladas pelos seus participantes. Exemplos:
- Abraão e Abimeleque (Gênesis 21.25-32)
- Jacó e Labão (Gênesis 31.43-50)
- Davi e Jônatas (1 Samuel 18.1-4; veja também 2 Samuel 9.1-13)
- Cristo e os crentes pertencentes à era da Igreja, ou seja, Seus "amigos" (João 15)
Alianças Bíblicas
Existem pelo menos oito alianças mencionadas na Bíblia:
- Aliança Edênica (Gênesis 1.18-30; 2.15-17)
- Aliança Adâmica (Gênesis 3.14-19)
- Aliança Noaica (Gênesis 8.20-9.17)
- Aliança Abraâmica (por exemplo Gênesis 12.1-3)
- Aliança Mosaica (Êxodo 20-23; Deuteronômio)
- Aliança Davídica (2 Samuel 7.4-17)
- Aliança Palestina (Deuteronômio 30.1-10)
- Nova Aliança (por exemplo, Jeremias 31.31-37)
A maneira como as alianças se relacionam com Israel é de fundamental importância para o estudante das profecias.
A tabela a seguir ilustra como elas se desenvolvem e suas aplicações:
Continua: Aliança Abraâmica
Fontes:
Manual de Escatologia – Dwight Pentecost
Profecias de A a Z – Thomas Ice & Timothy Demy