2010
Quando uma profecia é cumprida na história? Preterismo
Categoria (Métodos de Interpretação Profética) por Geração Maranata em 12-10-2010
Tag: Futurismo, Historicismo, Idealismo, Preterismo, Segunda Vinda
por Geração Maranata
Há quatro pontos de vista sobre possíveis interpretações do tempo na profecia bíblica:
Presente (Historicismo)
Passsado (Preterismo)
Futuro (Futurismo)
Atemporal (Idealismo)
Nesta segunda série será abordado o Preterismo.
O Preterismo é uma das quatro possíveis interpretações do tempo na profecia bíblica. Ele tenta responder à pergunta:
“Quando uma profecia é cumprida na história?”
A palavra "preter" é um prefixo do latim praeter, que significa passado ou além de. O derivado "Preterista" significa aquele que encara o cumprimento do Apocalipse como coisa que já teve lugar no passado. O jejuíta Luis De Alcazar (1554-1613) foi o criador dessa escola.
O Preterismo é um método muito popular para o estudo do Apocalipse entre os eruditos críticos. Esta interpretação diz que as principais profecias do livro do Apocalipse cumpriram-se na destruição de Jerusalém (70 dc) e na queda do Império Romano, com a vitória da Igreja como resultado final em sua luta contra Roma.
Considera que o Apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse antes da destruição do Templo em 70 d.C. e que estas profecias seriam fatos que aconteceram na mesma época de quando o livro foi escrito. Suas profecias foram cumpridas até o tempo de Constantino e até o começo do quarto século depois de Cristo.
Nota: Alguns estudiosos negam a autoria do Apóstolo João e propóe que seja outro João desconhecido.
O argumento usado pelos preteristas pressupõe que o livro foi escrito para confortar os cristãos e relatar as perseguições pelas quais estavam passando. João – o apóstolo – tinha como endereço as igrejas do século I d.C. A grande maioria de seus teólogos defende que o provável período da escrita date à época de Nero como Imperador de Roma (54-68). Os defensores dessa dessa interpretação difundiram, posteriormente, idéias pós-milenaristas.
O Preterismo interpreta de forma literal os seguintes versículos-chaves:
- (Mt. 10:23) Quando forem perseguidos num lugar, fujam para outro. Eu lhes garanto que vocês não terão percorrido todas as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
- (Mt. 16:28) Garanto-lhes que alguns dos que aqui se acham não experimentarão a morte antes de verem o Filho do homem vindo em seu Reino.
- (Mt. 23:35-36) E, assim, sobre vocês recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem vocês assassinaram entre o santuário e o altar Eu lhes asseguro que tudo isso sobrevirá a esta geração.
- (Mt. 24:34) Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas estas coisas aconteçam.
- (Mt. 26:63-64) Mas Jesus permaneceu em silêncio. O sumo sacerdote lhe disse: “Exijo que você jure pelo Deus vivo: se você é o Cristo, o Filho de Deus, diga-nos”. “Tu mesmo o disseste”, respondeu Jesus. “Mas eu digo a todos vós: Chegará o dia em que vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.”
O Preterismo pode ser dividido em Preterismo Completo e Preterismo Parcial.
Preterismo Completo
O Preterismo Completo ou Total acredita que todas as profecias foram cumpridas com a destruição de Jerusalém, incluindo a ressurreição dos mortos e a Segunda Vinda Jesus. O Preterismo Completo também é conhecido por outros nomes: Preterismo Consistente, Escatologia de Pacto e Hiper-Preterismo.
O Preterismo Total sustenta que a Segunda Vinda de Jesus não deve ser interpretada como um regresso corporal futuro, mas uma "presença" manifesta através da destruição física de Jerusalém e seu Templo no ano 70 d. C. pelos exércitos de Roma, de forma similar a várias descrições no Antigo Testamento, onde Deus destruiu outras nações em julgamento justo.
O Preterismo Total também sustenta que a Ressurreição dos mortos não é uma ressurreição física, mas uma ressurreição das almas do "lugar dos mortos", conhecido como o Seol (Hebreu) ou Hades (Grego).
Neste caso, os mortos justos obtiveram um corpo espiritual e substancial para ser usado nos lugares celestiais, e os mortos injustos foram atirados ao Lago de Fogo.
Alguns proponentes do Preterismos Total acham que este julgamento é constante e acontece durante a morte da cada indivíduo (Hebreus 9:27): "E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo."
Os Novos Céus e Nova Terra também são equiparados com o cumprimento da Lei no ano 70 d. C. e devem ser interpretados da mesma maneira, pois o Cristão é considerado como uma "nova criação" quando este vem à fé em Cristo.
Síntese:
- Todas as profecias já foram cumpridas.
- A segunda vinda de Cristo, a ressurreição, o arrebatamento, o dia do Senhor e o dia do juízo ocorreram no ano 70 d.C.
- Propõem que a “segunda vinda” e a “ressurreição do corpo” são espirituais.
- É acusado de reintroduzir o ensino de Himeneu de que a ressurreição já aconteceu:"E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns." (2Tm. 2:17-18))
Preterismo Parcial
O Preterismo Parcial sustenta que algumas profecias já foram cumpridas, tais como: o governo do Anticristo, a Grande Tribulação e o Dia do Senhor como uma "vinda em julgamento" (Julgamento Final) de Cristo no ano 70 d. C., ocasião que o general Tito do Império Romano saqueou Jerusalém e destruiu o Segundo Templo, fazendo cessar o sacrifício diário de animais. Identifica a "Grande Babilônia" (Apocalipse 17-18) com a cidade pagã de Roma ou Jerusalém: "E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra."
O Preterismo Parcial é também conhecido por outros nomes como: Preterismo Ortodoxo, Preterismo Histórico e Preterismo Moderado.
A maioria (ainda que não todos) dos Preteristas Parciais acha que o termo “Últimos Dias” não se refere aos últimos dias do planeta Terra nem aos últimos dias da humanidade, mas aos últimos dias do pacto Mosaico que Deus estabeleceu exclusivamente com a nação de Israel. Assim como Deus veio em julgamento sobre várias nações no Antigo Testamento, Cristo também veio em julgamento contra aqueles que o rejeitaram em Israel.
O termo "Últimos Dias" deve ser distinguidos de o "Último Dia", pois este é considerado como cumprimento no futuro e inclui a Segunda Vinda de Jesus, a Ressurreição dos mortos, justos e injustos, o Julgamento Final, e a criação de um Novo Céu e Nova Terra literal (e não com referência a um pacto) livre da maldição do pecado e a morte que veio pela queda de Adão e Eva.
Os Preteristas Parciais acham que a nova criação, redimida, surgirá progressivamente enquanto Cristo reina em seu trono celestial, subjugando seus inimigos, e culminará na destruição da morte física, o "último inimigo" (1 Cor 15:20-24): "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força."
A grande maioria dos Preteristas Parciais defende também o Amilenismo ou o Pós-Milenismo.
Síntese:
- Algumas profecias foram cumpridas na geração dos dias de Jesus;
- Cristo veio em julgamento sobre Jerusalém em 70 d.C. e que este foi um dia do Senhor e não “O dia do Senhor”;
- Faz parte da crença cristã por muitos anos e de várias denominações que defendem que a queda de Jerusalém em 70 d.C. foi um cumprimento importante da profecia.
- Cristo veio em julgamento contra Jerusalém na guerra judaica de 67-70 d.C., mas não veio corporalmente, que é justamente a segunda vinda (Atos 1:11):
- Ele veio em Pentecoste como o Espírito de Jesus (João 14:16-18);
- Ele veio em julgamento e ira contra Jerusalém em 66-70 d.C. Lucas 21:23, Ap. 6:16 (cf. Lucas 23:30);
- Ele retornará corporalmente em algum ponto no futuro, em cujo tempo os mortos em Cristo serão ressuscitados (Atos 1:11, 1Ts. 4:16);
- Em João 14:16-18 Jesus fala da sua vinda aos discípulos como a vinda do Espírito: “E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.”
- Vêem a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. como cumprindo as profecias de Jesus com respeito à destruição de Jerusalém:
- Em Mt. 23:35-36, um pouco antes do sermão no Monte das Oliveiras (Mt. 24), Jesus diz que a vingança pelo sangue justo dos profetas derramado em Jerusalém “sobrevirá a esta geração”, querendo dizer a geração a qual Jesus está se dirigindo: “E, assim, sobre vocês recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem vocês assassinaram entre o santuário e o altar. Eu lhes asseguro que tudo isso sobrevirá a esta geração.”
Outro tipo de interpretação Preterista vista por Albertus Pieters ( autor do livro "Studies in the Revelation of St. John"):
1. Ala direita
Essa escola Preterista é representada por Moses Stuart, Clarence Augustine Beckwith e J. P. M. Sweet. Acreditam na inspiração do livro do Apocalipse e que a maior parte do livro já se cumpriu nos dias do Império Romano, ao tempo de Domiciano. Já o juízo final e o perfeito estado da humanidade ainda aguardam cumprimento. Entendem que o Apocalipse foi escrito para os dias da perseguição na Ásia Menor, e que a aplicação para o nosso tempo só é relevante do ponto de vista literário, ao menos em sua maior parte.
2. Ala esquerda
Essa Escola Preterista entende que o livro do Apocalipse não é literatura inspirada. Acreditam que o livro é igual a qualquer obra apocalíptica escrita naquela época e que só tem valor literário. Segundo esta interpretação, João nada sabia do futuro por inspiração; portanto, não esperam que se cumpram na vida da Igreja os acontecimentos ali registrados.
A Grande Tribulação refere-se à destruição de Jerusalém em 70 d.C.
Embora o período da Grande Tribulação em Mateus 24:21 ("Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.") seja interpretado freqüentemente como sendo mundial e ocorrendo no 'fim do mundo', a análise Preterista propõe outra interpretação:
- O relato paralelo de Lucas 21:20-24 mostra que Mt. 24:21 refere-se à queda de Jerusalém em 70 d.C;
- Ela foi localizada na região da Judéia – não foi mundial, pois aqueles na Judéia são ordenados a correr para as montanhas em todos os três relatos paralelos (Mt. 24:16, Marcos 13:14, Lucas 21:21);
- O fato que Jesus diz que “jamais haverá” uma tribulação semelhante indica que ela não ocorre no final do mundo;
- As referências a “esta geração” em Mt. 23:36 e Mt. 24:34 indicam que Ele estava falando sobre algo dentro do período de vida de alguns dos discípulos (também Lucas 23:28).
Visão Preterista do Fim dos Tempos
Trata o Apocalipse como uma imagem simbólica de conflitos da igreja primitiva que já se cumpriram. Em diferentes níveis esta visão combina a interpretação alegórica e simbólica com o conceito de que o Apocalipse não lida com eventos futuros específicos.
De acordo com a visão Preterista do fim dos tempos, os capítulos 6 a 18 de Apocalipse são simbólicos e alegóricos, não descrevendo eventos literais. Já o capítulo 19, deve ser entendido de forma literal: Jesus Cristo irá retornar literal e fisicamente. Então, o capítulo 20 é de novo interpretado alegoricamente. A seguir, os capítulos 21 e 22 são entendidos pelo menos parcialmente de forma literal, que haverá realmente um Novo Céu e uma Nova Terra.
Argumentos de Defesa
1 – Nenhuma literatura poderá ser devidamente compreendida sem que se entenda a sua formação, o seu fundo histórico. Compreende-se melhor o Apocalipse quando se conhece os bastidores da perseguição de Domiciano.
2 – O principal propósito do livro era "revelar" aos cristãos perseguidos o quanto Cristo estava próximo deles e a certeza duma rápida vitória de Sua causa sobre as artimanhas imperiais de Roma.
3 – Assim como o Cristo ressurreto venceu toda a oposição, da mesma forma, os cristãos alcançarão vitória igualmente sobre qualquer tribulação e em qualquer época (inclusive a nossa). Deus reina a partir de seu trono e Cristo tem as chaves da morte e do destino.
4 – Pode-se adotar este método sem se admitir que o propósito de Deus na cruz de Cristo irá falhar e que Ele recorrerá à espada para estabelecer seu Reino. As mesmas verdades e princípios contidos nos ensinos de Jesus e na pregação e escritos dos apóstolos são encontrados no Apocalipse, quando adotamos este método de interpretação.
Conclusão:
A interpretação Preterista resumiria o Apocalipse a um manual de história da Igreja sob os Césares, afirmando que todo o livro foi já cumprido nos dias do Império Romano.
Essa interpretação é acusada de ser muito abstrata e é rejeitada por muitos estudiosos em escatologia.
Este método é praticamente oposto ao método futurista. Os futuristas afirmam que nada do livro se cumpriu ainda.
Para saber mais: Livro “The Last Days according to Jesus” de R. C. Sproul
Fontes:
www.maxmode.blogspot.com/
www.gotquestions.org/portugues/Preterismo.html
www.a-milenismo.blogspot.com
www.monergismo.net.br
www.pt.wikilingue.com